1766
The Wallace Collection, London

Os romanos, por sua vez, copiaram e expandiram o formato grego. No século III a.C. há a inserção de músicas e danças cuja performance é acompanhada de uma orquestra. Para fazer com que os passos de dança fossem mais audíveis (e portanto chamassem a atenção do público), os romanos inseriram pedaços de metais embaixo dos sapatos, e assim surge o primeiro tipo de "sapato de sapateado". Embora espacialmente menor que as montagens gregas, os romanos fizeram dos musicais grandes espetáculos, incluindo efeitos técnicos e especiais (claro, no limite da época).
Na Idade Média, haviam músicos e trupes viajantes, as quais faziam performances de músicas populares e comédias. Nos séculos XII e XIII incluiu-se a essa os dramas religiosos; algumas dessas peças (ao contrário do material grego e romano) sobreviveram, como é o caso de The Play of Herod e The Play of Daniel. Baseadas em ensinamentos litúrgicos e em regras da Igreja, essas montagens desenvolveram um modelo autônomo de musical.
No Renascimento, com a commedia dell'arte, uma tradição italiana de contadores de histórias de improviso, o desenvolvimento desses modelos de musical chegou ao ápice, sendo basicamente informal. O musical formal quase não teve espaço nesse período, embora Molière tenha transformado várias de suas peças em comédias com músicas a pedido de Luís XIV para entreter, através de música e dança, a corte no século XVII.
________________________________________________________________Fig1. Anfiteatro grego.
Fig2. The Play of Daniel, livro sobre a peça.
Fig3. Painting based on The Beggar's Opera, Scene V, William Hogarth, c. 1728, in the Tate Britain.
Fig 4. L'ÉLISIR D'AMORE OPERA BY G DONIZETTI.
Fig 5. Commedia dell'arte - troupe Gelosi.
Fig 6. Cena de Tartufo de Molière, século XVII.


Notaram que Cantando na Chuva foi criado a partir de várias canções que já existiam anteriormente? E que este mesmo filme se constitui como uma profunda metalinguagem com o cinema e com o próprio gênero musical?

Que atrizes como Natalie Wood e Audrey Hepburn já foram dubladas em musicais, e ainda por cima pela mesmíssima pessoa? Que Santana e Michael Jackson foram inspirados em algum ponto de suas carreiras por Amor, Sublime Amor? Que A Noviça Rebelde, era inicialmente um livro, que virou uma peça e que somente então se transformou em um musical? Que até mesmo o incrível Homem-Aranha terá uma adaptação musical para a Brodway?

Quem diria? Quem saberia?! Por trás das rimas pomposas e perfeitas, se ocultam esses dirty little secrets, que, convenhamos, não são tão secretos e nem tão sujos assim, mas servem para saciar nossa constante fome por novas informações...
Não há clichê melhor do que a expressão “mundo mágico” para caracterizar o musical. Pois, em que mundo, a não ser um fantástico, as pessoas acordam, almoçam, tomam banho e dormem cantando como se cantar, fosse tão trivial como suas outras ações? De fato, no universo do musical, cantar é ordinário, mas, ao mesmo tempo, extraordinário e essencial. Cantar é falar melodiosamente, deixar os sentimentos inundarem as palavras, até que elas flutuem em um mar (calmo ou revoltoso) de emoções; é permitir que verborragia de um discurso se torne uma torrente de versos que fluam de nossas bocas e atinjam os ouvidos alheios como ondas (sonoras?!). Um fazer retórico harmonioso, doce e emanante. Acredito que, assim como alegam que a música é uma linguagem universal, o gênero musical também tenha esse mesmo poder totalizante (mas não totalitário). Afinal, como nosso grande Wolverine, quer dizer, Hugh Jackman disse: The musical is back¹!
Extra: Para maiores dirty little secrets, acesse o podcast no site: < http://www.cinemacomrapadura.com.br/rapaduracast/?p=2444 >
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1. Ver post "The Musical is Back!", do dia 23 de Fevereiro de 2009.

Na segunda parte, a de criação sonora, utilizando das letras, do roteiro e das características de cada personagem e cena, nós, músicos, passamos ao processo de composição; cada “ato” em si foi concebido como um “corpo” individual e independente dos demais quanto à construção sonora; desta forma ficou mais fácil de definir parâmetros para a composição, mesmo que, ainda sim, as canções estivessem interligadas, de forma sutil, é verdade, formando um contexto integrado. Os timbres e a formação (combinação instrumental), por sua vez, foram escolhidos de acordo com a dramaticidade de cada trecho e como as personagens se comportavam em determinada cena; as músicas, no entanto, ainda estão em processo de criação porque no musical a interpretação dos atores, as locações, e a intensidade da cena também alteram as músicas, conferindo a elas cores e brilhos diferenciados.
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