Por Eduardo Rodrigo Virgilio, Compositor.
Antes mesmo do roteiro final estar pronto, nos foi enviada a primeira versão, as músicas foram, então, feitas sobre esse primeiro texto do musical. O processo de composição exigiu uma leitura atenta de todo “script” com detalhes das falas e de cada cena.
Chegamos a ponto de interpretar (compositores, produção e direção), mesmo que primariamente, cada personagem para sentir a profundidade de cada momento e captar suas reações. Pois somente dessa forma as canções partiriam mesmo de dentro de cada um que as estivesse cantando, como resultado de uma ação e não uma simples intervenção sonora.
Podemos dividir o processo em duas etapas: o reconhecimento do trabalho como um todo, e a criação sonora; cada um com diferentes fases. Na primeira parte, e dando início ao trabalho, a equipe de produção e nós, compositores, nos encontraramos algumas vezes para discutir sobre a proposta do musical, seu formato e qual seria a quantidade de músicas instrumentais e canções que comporiam o cerne do trabalho. Neste ponto ficou decidido que seriam três atos com qualidades musicais distintas entre si, sendo o primeiro baseado em música de concerto, o segundo inspirado em música popular e o terceiro em música eletrônica. Em seguida passamos à fase do reconhecimento das personagens, suas características principais e comportamentos, a fim de se traçar um perfil motívico que orientasse a criação das canções; e, por último, com as letras em mãos, a equipe mais uma vez se reuniu para analisar o material pronto e discutir o que era necessário mudar para atender o máximo das necessidades do musical.
Na segunda parte, a de criação sonora, utilizando das letras, do roteiro e das características de cada personagem e cena, nós, músicos, passamos ao processo de composição; cada “ato” em si foi concebido como um “corpo” individual e independente dos demais quanto à construção sonora; desta forma ficou mais fácil de definir parâmetros para a composição, mesmo que, ainda sim, as canções estivessem interligadas, de forma sutil, é verdade, formando um contexto integrado. Os timbres e a formação (combinação instrumental), por sua vez, foram escolhidos de acordo com a dramaticidade de cada trecho e como as personagens se comportavam em determinada cena; as músicas, no entanto, ainda estão em processo de criação porque no musical a interpretação dos atores, as locações, e a intensidade da cena também alteram as músicas, conferindo a elas cores e brilhos diferenciados.
Eu recomendo esse compositor... Ele é demais. hehehehe
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