terça-feira, 31 de março de 2009

Referências - Parte 2

The Swing; Jean-Honore Fragonard
Oil on Canvas
1766
The Wallace Collection, London

sexta-feira, 27 de março de 2009

História do Musical - Parte 2

Prosseguindo na história dos musicais, vale fazer uma pequena pausa para destacar uma questão importante: o papel da ópera nas criações musicais.

Opera has been with us since the late 1500s, but (and there are those who will scream when they read this) . . . contemporary musical theatre and film are not direct descendants of grand opera. However, opera can be called a descendant of classical theatre.1

Quando os renascentistas tentaram reavivar o teatro de drama grego, eles incluíram em suas obras músicas, e isso levou ao surgimento da grand opera. Desde seu nascimento, no século XIX, os musicais sempre remeteram à ópera; mas atentando ao passado, podemos perceber que os Vaudevilles e as comédias burlescas, por exemplo, são os verdadeiros predecessores do musical, e não a ópera propriamente dita.

Podemos dizer, no entanto, que as melodias das grand operas fizeram parte dos musicais populares dos séculos XVIII e começo do XIX. Porém, nos anos 1880 e 1890 as então chamadas comic operas, as quais dominaram a Broadway da época, não eram óperas, não como o termo era empregado ao menos; os produtores usaram esse nome para dar uma valor mais elevado às obras, porém o caráter popular dos diálogos e melodias fazia das peças, na realidade, musicais.


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1. Are Musicals Descended From Opera? Disponível em: http://musicals101.com/musical.htm.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Referências - parte 1



Cantando na Chuva
(Singin' in the Rain, 1952)

» Direção: Gene Kelly, Stanley Donen
» Roteiro: Adolph Green, Betty Comden
» Gênero: Comédia/Musical/Romance
» Origem: Estados Unidos
» Duração: 103 minutos
» Tipo: Longa

sábado, 21 de março de 2009

História do musical - Parte 1

O Musical, em qualquer de suas várias formas, é um tipo de arte.

Esse estilo de contar histórias através, ou com a ajuda, de músicas, data de um passado remoto. É sabido que os gregos incluíam músicas e danças em suas comédias e tragédias desde o século V a.C., algumas dessas músicas já existiam, e outras eram compostas exclusivamente para essas montagens. Nessa época, as músicas eram mais usadas para que o coro fizesse uma espécie de comentário em relação à ação corrente; porém, também havia composições que faziam parte do enredo, havendo, inclusive, solos.
Embora esse tipo de musical dos gregos não tenha sido a base para o desenvolvimento do musical moderno e contemporâneo, é interessante notar como há tanto tempo esse artifício (dança e canto) é utilizado como forma de entretenimento das massas.
Os romanos, por sua vez, copiaram e expandiram o formato grego. No século III a.C. há a inserção de músicas e danças cuja performance é acompanhada de uma orquestra. Para fazer com que os passos de dança fossem mais audíveis (e portanto chamassem a atenção do público), os romanos inseriram pedaços de metais embaixo dos sapatos, e assim surge o primeiro tipo de "sapato de sapateado". Embora espacialmente menor que as montagens gregas, os romanos fizeram dos musicais grandes espetáculos, incluindo efeitos técnicos e especiais (claro, no limite da época).
Na Idade Média, haviam músicos e trupes viajantes, as quais faziam performances de músicas populares e comédias. Nos séculos XII e XIII incluiu-se a essa os dramas religiosos; algumas dessas peças (ao contrário do material grego e romano) sobreviveram, como é o caso de The Play of Herod e The Play of Daniel. Baseadas em ensinamentos litúrgicos e em regras da Igreja, essas montagens desenvolveram um modelo autônomo de musical.

No Renascimento, com a commedia dell'arte, uma tradição italiana de contadores de histórias de improviso, o desenvolvimento desses modelos de musical chegou ao ápice, sendo basicamente informal. O musical formal quase não teve espaço nesse período, embora Molière tenha transformado várias de suas peças em comédias com músicas a pedido de Luís XIV para entreter, através de música e dança, a corte no século XVII.

No século XVIII dois estilos de teatros musicais se tornaram comuns na França, Inglaterra e Alemanha, as ballad operas, as quais faziam uso de músicas populares, alterando suas letras; e as comic operas, com histórias originais e o enredo romântico na maioria das vezes.

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Fig1. Anfiteatro grego.

Fig2. The Play of Daniel, livro sobre a peça.

Fig3. Painting based on The Beggar's Opera, Scene V, William Hogarth, c. 1728, in the Tate Britain.

Fig 4. L'ÉLISIR D'AMORE OPERA BY G DONIZETTI.

Fig 5. Commedia dell'arte - troupe Gelosi.

Fig 6. Cena de Tartufo de Molière, século XVII.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ordinário e extraordinário

Por vezes, os musicais não são o que parecem ser, no entanto por outras, são muito mais do que realmente aparentam. Já notaram que Evita, por exemplo, é praticamente inteiro cantado? Que Madonna, a rainha do Pop, mandou uma carta para o diretor Alan Parker explicando o porquê ela deveria interpretar o personagem de Eva Perón?


Notaram que Cantando na Chuva foi criado a partir de várias canções que já existiam anteriormente? E que este mesmo filme se constitui como uma profunda metalinguagem com o cinema e com o próprio gênero musical?


Que atrizes como Natalie Wood e Audrey Hepburn já foram dubladas em musicais, e ainda por cima pela mesmíssima pessoa? Que Santana e Michael Jackson foram inspirados em algum ponto de suas carreiras por Amor, Sublime Amor? Que A Noviça Rebelde, era inicialmente um livro, que virou uma peça e que somente então se transformou em um musical? Que até mesmo o incrível Homem-Aranha terá uma adaptação musical para a Brodway?

Quem diria? Quem saberia?! Por trás das rimas pomposas e perfeitas, se ocultam esses dirty little secrets, que, convenhamos, não são tão secretos e nem tão sujos assim, mas servem para saciar nossa constante fome por novas informações...




Não há clichê melhor do que a expressão “mundo mágico” para caracterizar o musical. Pois, em que mundo, a não ser um fantástico, as pessoas acordam, almoçam, tomam banho e dormem cantando como se cantar, fosse tão trivial como suas outras ações? De fato, no universo do musical, cantar é ordinário, mas, ao mesmo tempo, extraordinário e essencial. Cantar é falar melodiosamente, deixar os sentimentos inundarem as palavras, até que elas flutuem em um mar (calmo ou revoltoso) de emoções; é permitir que verborragia de um discurso se torne uma torrente de versos que fluam de nossas bocas e atinjam os ouvidos alheios como ondas (sonoras?!). Um fazer retórico harmonioso, doce e emanante. Acredito que, assim como alegam que a música é uma linguagem universal, o gênero musical também tenha esse mesmo poder totalizante (mas não totalitário). Afinal, como nosso grande Wolverine, quer dizer, Hugh Jackman disse: The musical is back¹!




Extra: Para maiores dirty little secrets, acesse o podcast no site: < http://www.cinemacomrapadura.com.br/rapaduracast/?p=2444 >




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1. Ver post "The Musical is Back!", do dia 23 de Fevereiro de 2009.

sábado, 7 de março de 2009

A Composição

Por Eduardo Rodrigo Virgilio, Compositor.

Antes mesmo do roteiro final estar pronto, nos foi enviada a primeira versão, as músicas foram, então, feitas sobre esse primeiro texto do musical. O processo de composição exigiu uma leitura atenta de todo “script” com detalhes das falas e de cada cena.

Chegamos a ponto de interpretar (compositores, produção e direção), mesmo que primariamente, cada personagem para sentir a profundidade de cada momento e captar suas reações. Pois somente dessa forma as canções partiriam mesmo de dentro de cada um que as estivesse cantando, como resultado de uma ação e não uma simples intervenção sonora.


Podemos dividir o processo em duas etapas: o reconhecimento do trabalho como um todo, e a criação sonora; cada um com diferentes fases. Na primeira parte, e dando início ao trabalho, a equipe de produção e nós, compositores, nos encontraramos algumas vezes para discutir sobre a proposta do musical, seu formato e qual seria a quantidade de músicas instrumentais e canções que comporiam o cerne do trabalho. Neste ponto ficou decidido que seriam três atos com qualidades musicais distintas entre si, sendo o primeiro baseado em música de concerto, o segundo inspirado em música popular e o terceiro em música eletrônica. Em seguida passamos à fase do reconhecimento das personagens, suas características principais e comportamentos, a fim de se traçar um perfil motívico que orientasse a criação das canções; e, por último, com as letras em mãos, a equipe mais uma vez se reuniu para analisar o material pronto e discutir o que era necessário mudar para atender o máximo das necessidades do musical.


Na segunda parte, a de criação sonora, utilizando das letras, do roteiro e das características de cada personagem e cena, nós, músicos, passamos ao processo de composição; cada “ato” em si foi concebido como um “corpo” individual e independente dos demais quanto à construção sonora; desta forma ficou mais fácil de definir parâmetros para a composição, mesmo que, ainda sim, as canções estivessem interligadas, de forma sutil, é verdade, formando um contexto integrado. Os timbres e a formação (combinação instrumental), por sua vez, foram escolhidos de acordo com a dramaticidade de cada trecho e como as personagens se comportavam em determinada cena; as músicas, no entanto, ainda estão em processo de criação porque no musical a interpretação dos atores, as locações, e a intensidade da cena também alteram as músicas, conferindo a elas cores e brilhos diferenciados.

 

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